VACINAÇÃO CONTRA COVID EM CRIANÇAS – É segura? Protege mesmo? O que sabemos?

Começou nesta semana na Cidade de Goiás a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19. A princípio, recebemos 130 doses da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), iniciando a vacinação em crianças de 11 anos. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Art. 14, § 1º), é obrigatória a vacinação de crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias. E nesta quarta-feira (19/01) o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, enviou ofícios aos Ministérios Públicos Estaduais, para que os órgãos fiscalizem e multem pais e mães que deixarem de vacinar seus filhos contra Covid-19, inclusive também podendo acarretar a perda da guarda. “A imunização infantil é obrigatória, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente”. Disse o Ministro.

A Covid-19 no Brasil já matou mais de 1.400 crianças de zero a 11 anos, segundo o Instituto Butantan. De acordo com a Fiocruz, de janeiro a novembro de 2021, 2.917 crianças de 5 a 11 anos foram hospitalizadas com Covid-19 no Brasil. 25% delas precisaram de cuidados em UTI e 4,87% vieram a óbito. Em Goiás, como no Brasil, de fato a taxa de mortalidade é menor. Todavia, o Brasil é o 2º pais com mais mortes de crianças por Covid-19 no mundo. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), 40 mortes já foram confirmadas de crianças no estado. Destas, 15 mortes entre 10 e 14 anos e 25 são de menores de 10 anos de idade.
Na Cidade de Goiás, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde, de 1º a 19 de janeiro de 2022, foram registrados 89 casos de Covid-19 em crianças abaixo de 11 anos. Destes, 41 em crianças de até 5 anos. 63 casos foram registrados em adolescentes de 12 a 18 anos no mesmo período.

A proteção das vacinas.
Um levantamento feito em 2021 por meio da plataforma de monitoramento Info Tracker, desenvolvida por pesquisadores(as) da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), mostrou que, atualmente, as mortes por Covid-19 no Brasil envolvem majoritariamente pessoas não vacinadas. De acordo com o estudo, de cada 10 pessoas que morreram por Covid-19, oito não estavam vacinadas. O estudo considerou internações e mortes que ocorreram após o início da aplicação da segunda dose da vacina no Brasil, em 1º de março de 2021. Segundo o estudo, de 1º março até 15 de novembro, 306.050 pessoas morreram de Covid no Brasil. Destas, 79,7% (243 mil) não haviam tomado nenhuma dose da vacina.
São muitas as pesquisas apresentadas também fora do Brasil. Segundo matéria publicada no jornal The Guardian (2021), os Governos de Israel e Estados Unidos (EUA), por exemplo, vêm alertando sobre a chamada “pandemia de não vacinados”, ou seja, em algumas regiões dos respectivos países, quase todos os casos de internação registrados em hospitais, são de pessoas que não passaram pela imunização.

Em relação a eficácia das vacinas contra Covid-19 para pessoas acima de 12 anos, de acordo com pesquisadores(as) do Butantan, os resultados do estudo da fase 3 mostraram que nos casos graves e moderados a eficácia é de 100%. Para os casos leves, 78% e, nos muito leves, 50,38%. “Isso significa que temos 50,38% menos chances de contrair a doença. Se contrairmos, há 78% de chance de não precisarmos de qualquer atendimento médico e 100% de certeza de que a enfermidade não vai se agravar”, explica o Instituto Butantan.
Uma análise publicada em 10 de dezembro de 2021 pela Fiocruz, mostrou que todas as vacinas tem grande redução do risco de infecções, internações e óbitos por Covid-19. Considerando os desfechos graves (internação ou óbito) em indivíduos com idade entre 20 e 80 anos, a proteção variou entre 83% e 99% para todos os imunizantes. “Na população abaixo de 60 anos, todas as vacinas apresentam proteção acima de 85% contra risco de hospitalização e acima de 89% para risco de óbito”, indica o estudo.
E segundo ainda o estudo, é considerada doença grave qualquer doença que determine internação do paciente, seja na UTI ou na enfermaria. “Se ele precisa de assistência médica, de cuidado médico, já é uma forma grave da doença, senão ele poderia se tratar fora do hospital. Quando a pessoa vai para a UTI é uma situação de vida ou morte. A vacina previne não apenas essas situações, de vida ou morte, como também as doenças graves, com necessidade de internação”. Conclui.

Qual vacina está disponível para crianças? É segura? Protege mesmo?
De acordo com a Fiocruz, a vacina Comirnaty (vacina Pfizer-BioNTech) para crianças de 5 a 11 anos, foi aprovada nessa faixa etária após análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ela não é a mesma que adultos recebem. A composição das vacinas infantis é diferente da dos adultos e contém um terço da dose. A dose da vacina para maiores de 12 anos é de 30 ug e o volume da injeção é de 0,3 ml, já para crianças de 5 a 11 anos, a dose da vacina é de 10 ug e o volume da injeção é de 0,2 ml.
Os frascos da vacina infantil, terão a cor laranja, o mesmo terá 10 doses e segundo a bula aprovada pela Anvisa, devem ser administradas duas doses, num intervalo de 8 semanas entre as doses.
Estudos da Anvisa mostraram que a vacina reduziu o número de hospitalizações e mortes nessa faixa etária. Identificou também que a vacina de Covid teve eficácia de 90,9% contra infecções sintomáticas e que a resposta de produção de anticorpos neutralizantes foi tão satisfatória, quanto àquela observada em indivíduos de 16 a 25 anos de idade.

Mas essa vacina não foi feita rápida demais?
Existem vários fatores que podem fazer uma vacina ser desenvolvida mais ou menos rapidamente segundo o Instituto Butantan: circulação do agente infeccioso; investimento na pesquisa, ou seja, poderíamos ter mais vacinas para outras doenças se investíssemos mais em pesquisa e atingir todos os requisitos dos estudos clínicos. “Tivemos investimento, conhecimento de outras pandemias de coronavírus e a possibilidade de fazer vários estudos no mundo inteiro, ao mesmo tempo.” Conclui o Butantan.

A importância da vacina em crianças.
Os(as) pesquisadores(as) da Fiocruz alertam que é importante vacinar as crianças por conta da contribuição que eles(as) tem na transmissão do vírus. “Para sair de uma pandemia, precisamos vacinar a população-alvo. O máximo dela, caso de vírus mais transmissíveis (ex.: Delta e Ômicron). Portanto, vacinar as crianças é sim parte da estratégia social e também é parte da proteção individual dessa população”. Enfatizam ainda que: “não deixem que o medo e a insegurança impeça-os de tomar uma decisão importante para seus filhos. Procure cientistas e especialistas que estão informando com base na ciência. Vacinas salvam vidas. São seguras, são protetoras e vão proteger o pequeno, reduzindo riscos para a doença”. Finaliza os(as) pesquisadores(as).

Redação: Ascom/Prefeitura de Goiás.
Fotos: Dagmar Talga/Prefeitura de Goiás.
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